‘Chocado com o clima de medo’, diz padre após chacina em Caruaru, PE

Na noite da terça-feira (21), três pessoas da mesma família foram mortas a tiros e uma ficou ferida em Lagoa do Paulista, zona rural de Caruaru. O local faz parte da área territorial da Paróquia São Francisco, administrada pelo padre José Ademilton.

O sacerdote emitiu uma nota de repúdio sobre o caso e lembrou que a família participou da missa de comemoração da Festa de São José na comunidade no domingo (19). A filha do casal chegou a fazer a leitura na missa.

Confira a nota na íntegra:
“Depois de três anos morando em Belo Horizonte-MG, voltei para Caruaru há pouco mais de um mês. Fiquei profundamente chocado com o “clima de medo” que se instaurou em nosso estado de Pernambuco, por causa da violência. As pessoas estão privadas de sua condição “cidadãos e cidadãs livres”, sendo tirada a “santa liberdade de filhos (as) de Deus”. Lamentável tudo isso.

Há duas semanas atrás, o senhor governador do estado de Pernambuco, Paulo Câmara, fez um pronunciamento no qual dizia que os números da violência, divulgados pela impressa, não correspondiam à realidade e que havia um exagero da parte da impressa (Não tive acesso ao texto e a fonte de publicação).

Senhor governador, vossa excelência nunca sentirá na pele a realidade da violência. Ela será sempre fictícia para o senhor, que vive cercado por um aparato de seguranças particulares. Sua casa estará sempre bem vigiada e “protegida”… O Estado lhe garante isso.

Para o nosso povo, ao contrário, a violência é real e não fictícia, irreal ou um exagero da imprensa… A violência é real, concreta, dolorida e destruidora de vidas, sonhos e famílias. Dói profundamente em meu coração de padre e pastor da Paróquia São Francisco de Assis, em Caruaru, pois o Sítio Lagoa do Paulista, onde aconteceu a tragédia, pertence à referida paróquia.

No domingo passado foi a festa do padroeiro da comunidade: São José. Esta família estava presente e celebrando a fé em comunidade… Hoje, é dizimada pela violência que o senhor diz que os números não correspondem à realidade. E verdade, para a estrutura de segurança que o estado lhe proporciona, estes números nunca corresponderão à realidade. O senhor estar correto… para as nossas famílias e o povo que lhe elegeu, os números são bem reais…

Quantas vidas serão ceifadas, na maioria das vezes, precocemente, e famílias destruídas até que o senhor tome consciência de que os números são reais? Enfim, rezo pelo descanso eterno destas pessoas e conforto espiritual de seus familiares. Rezo também para que o estado assuma uma política eficaz no combate contra a violência. Na esperança do dia no qual “Justiça e Paz se abraçarão”.

Padre José Ademilton – administrador paroquial de São Francisco, em Caruaru.

Por G1

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