Com o Desmatamento profundo, crise de água em Pernambuco é Catastrófico

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Sem floresta não tem água

Estudo reforça a relação do desmatamento da Amazônia com os episódios de seca do país e aponta como solução zerar o desmatamento para ontem e replantar florestas.

O pesquisador Antônio Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), analisou aproximadamente 200 artigos científicos lançados recentemente sobre a ligação da floresta amazônica e o serviço de regulação do clima do planeta. A conclusão da análise foi lançada na última quinta-feira e, segundo o especialista, do ponto que estamos, não adianta mais simplesmente parar de desmatar – tarefa em que já estamos atrasados. Se quisermos ter alguma chance de fugir da desertificação será preciso replantar florestas.

O relatório, “O Futuro Climático da Amazônia”, foi encomendado pela Articulación Regional Amazónica (ARA), grupo que reúne entidades da sociedade civil dos nove países que compartilham o bioma. De acordo com Nobre, ao longo dos anos o Brasil pareceu passar imune pela destruição da Mata Atlântica, que teve 90% de sua extensão dizimada, pois a Amazônia vinha compensando os serviços florestais perdidos. Mas nos últimos 40 anos, com a intensificação da degradação e do desmatamento na região, a floresta vem perdendo sua capacidade de captar e transportar umidade para o resto do País e as consequências disso já estão sendo sentidas.

Ativistas do Greenpeace realizam ação em São Paulo para alertar sobre a falta de água. (© Greenpeace).

“O desmatamento sem limite encontrou no clima um juiz que conta árvores, não esquece e não perdoa”, disse o pesquisador em entrevista ao jornal Valor Econômico. Em seu estudo o especialista, que também é pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), afirma que as árvores da Amazônia colocam aproximadamente 20 bilhões de toneladas de água por dia na atmosfera. E é esta água que é levada para o sul do continente, pelas correntes de ar, e se transforma em chuva.

Com o avanço do desmatamento esta capacidade fica seriamente comprometida e seus efeitos já podem ser sentidos como, por exemplo, na falta de chuva que atinge as regiões centro-oeste e sudeste do Brasil. Sem a floresta amazônica a região que vai de Cuiabá a Buenos Aires, ao Sul, e de São Paulo aos Andes, que produz 70% do PIB da América do Sul, seria igual aos seus equivalentes latitudinais. Se traçarmos uma linha no Mapa Mundi, a partir de Brasília, encontraremos quatro dos maiores desertos do mundo: o Atacama, o Kalahari, o deserto da Namíbia e o da Austrália. Isso acontece porque a floresta amazônica exporta “rios aéreos” de vapor que transportam água para as chuvas fartas que irrigam regiões distantes

“Estamos perdendo um serviço que era gratuito, que trazia conforto, que fornecia água doce e estabilidade climática”, diz o cientista. De acordo com Nobre, se a situação não mudar radicalmente e agora, ficaremos cada vez mais próximos de um ponto de não retorno, de onde se seguirá uma irrefreável reação em cadeia que irá afetar não apenas o Brasil, mas todo o planeta.

Mais de 300 mil pessoas vão ser atingidas por novo sistema de rodízio.
Santa Cruz do Capibaribe terá água por até quinze dias, em outubro.Onze municípios de Pernambuco terão abastecimento de água por até uma semana no mês, de acordo com o gerente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Mário Heitor Filho. Das cidades atingidas pelo racionamento, dez são do Agreste – todas abastecidas pela barragem de Jucazinho. Ao todo, mais de 300 mil pessoas serão atingidas. O novo rodízio será iniciado no dia 1º de outubro.

Heitor Filho, gerente regional do alto Capibaribe, afirmou que ficarão sete dias e meio por mês com água as cidades de: Surubim, Casinhas, Salgadinho, Santa Maria do Cumbucá, Frei Miguelinhjucazinhoo,Vertentes, Vertente do Lério, Toritama,Cumaru, Passira e Riacho das Almas. Segundo ele, Santa Cruz do Capibaribe é uma excessão, pois ficará com água no período de quinze dias.

A recomendação do gerente é que a população economize o máximo que puder. “As cidades ficarão sete dias e meio com água. Dentro desse período ainda há o rodízio interno de cada município e a água vai passar um mês para chegar novamente. Então, todos terão que economizar e armazenar, além de denunciar as ligações clandestinas, que podem render multa”.

3_1Heitor Filho explicou que o novo regime de abastecimento vai acontecer por conta da seca que há cinco anos afeta Pernambuco. “Estamos em uma seca severa há cinco anos. A esperança é que chova em Jucazinho para que, daqui para o final do ano, possamos prorrogar o uso da água”.

De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) – em boletim de monitoramento divulgado na segunda-feira (28) – a barragem de Jucazinho, localizada no município de Surubim, Agreste do estado, está com 2,7% da capacidade, o que corresponde a pouco mais de 8,9 milhões de metros cúbicos. A capacidade total da barragem é de 327 milhões de metros cúbicos.

Por G1

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