Se não bastasse a pressão por disputar em casa um dos esportes mais bem-sucedidos da história olímpica do Brasil, Martine Grael e Kahena Kunze foram para a raia lutar pela última medalha possível para a vela em 2016, na Olimpíada do Rio de Janeiro e, se perdessem, seria a primeira vez que o país sairia sem medalhas na modalidade, desde 1992.
Somava-se a essa pressão o peso de seus sobrenomes: Martine é filha do medalhista olímpico e coordenador técnico da equipe brasileira, Torben Grael, e Kahena, do ex-campeão mundial júnior da classe Pinguim, Claudio Kunze.
A todos esses motivos para ficarem nervosas, elas responderam colocando ainda mais pressão na prova. Apostaram em um lado diferente das concorrentes na quarta de cinco boias e foram com toda a velocidade possível em busca do ouro pelo lado esquerdo da raia. Graças a essa ousadia, superaram a vantagem de seis segundos que as neozelandesas tinham conquistado e chegaram à quinta boia em primeiro. A partir daí, só precisaram administrar a liderança no último trecho da prova e comemorar com o público que esperava na Praia do Flamengo.
“Foi difícil, mas foi o pontapé inicial para ganhar a medalha. Se a gente tivesse montado a boia que as outras montaram, a gente ia ter mais dificuldade porque elas iam marcar a gente. Foi excelente para [o barco] poder se aproximar mais”, conta Kahena Kunze, que atribui a experiência à sensibilidade de saber arriscar na Baía de Guanabara.
Com o ouro pendurado no pescoço, Kahena conta que sua maior preocupação era conseguir dar o melhor de si na competição: “Disse a mim mesma que queria chegar destruída [depois da regata]”