Feirantes falam sobre preços dos espaços de venda da nova Sulanca

feirantesO anúncio do preços dos espaços de venda da nova Feira da Sulanca, em Caruaru, Agreste de Pernambuco, vem causando polêmica e preocupação entre os comerciantes. O principal motivo é o valor que será cobrado pelos miniboxes. Para comercialização no local, o preço à vista é de R$ 27.308,03. Há opções de financiamentos com entrada de R$ 4.096,00, podendo ser dividida em até três vezes. Com intercaladas de R$ 1.121,12 e 60 parcelas de R$ 334,10, o valor total sairá em R$ 35 mil.

Esta decisão foi aprovada na segunda-feira (9) pelo conselho deliberativo do complexo, junto com o orçamento para a realização das obras do processo de transferência da Feira. Para Fátima Amaral, presidente do conselho, a construção do empreendimento será superior ao modelo já existente em Santa Cruz do Capibaribe, “caberá ao feirante escolher diante dos valores que serão apresentados para a compra, ou não. Ele tem o poder da escolha para a realização desse projeto de transferência”, ressalta.

Para o presidente da Associação dos Sulanqueiros, Pedro Moura, “o valor é alto, mas tem como pagar, pois eles [feirantes] gastam essa quantia hoje com as despesas”. As irmãs Mônica e Marciene Santana, contam que estão se adaptando à nova situação. “Como vai demorar para termos retorno, estamos nos prevenindo, vendendo para três lojas em Recife e Carpina porque só o dinheiro daqui não dá”, frisa Mônica.

Também a favor da mudança, dona Creuza de Araújo, de 71 anos, é dona de três boxes e comenta entusiasmada sobre o novo projeto. “A gente se aperta, mas vale a pena. Fora outras coisas, teremos segurança e ambiente limpo. Na hora que me chamarem já estarei pronta para ir”, completa.

Mesmo com a opção da parcela e do financiamento, alguns feirantes dizem que não têm como adquirir um espaço. Para dona Maria José dos Santos, de 62 anos, a mudança para o novo espaço é quase improvável. “Não tenho condições. Termina o mês e não ganho 500 [reais], como vou pagar mil?”, numa retórica. Há 20 anos vendendo no mesmo pequeno box, a comerciante de roupas femininas e masculinas não sabe o que fazer. “Eu sou a fonte de renda da minha família, sustento minhas filhas e meus netos. Meus dias de feira estão no fim. É muito triste”, desabafa.

Contando que demorará um ano para voltar a ter lucro, o vendedor de bermudas Lucimário Borges, de 55 anos, reclama que ninguém consultou todos os comerciantes. “Só uma pequena parcela, membros do conselho, se reuniu com o prefeito”, diz. Dono de quatro boxes, explica que perderá boa parte do que ganha hoje com a transferência. “Tenho nove vendedores espalhados pela feira, eles não têm como pagar esses valores, ou seja, perderei essa renda”, fala.

Novo projeto
O novo local fica às margens da BR-104, próximo ao Polo Comercial e ao Hospital Mestre Vitalino, no sentido a Toritama. O empreendimento abrirá espaço para 10.776 boxes de alvenaria, cada um com 4,20 metros quadrados.

Haverá 4.532 vagas para carros de passeio e vans. Para ônibus, serão destinadas 500. A nova configuração também oferecerá diversos serviços como lotéricas e caixas eletrônicos. Estão previstas ainda 144 lanchonetes, 144 quiosques de lanches e 22 restaurantes. A área total da Feira será de 60 hectares, sendo, aproximadamente, 224 mil metros quadrados de comercial.

Visita técnica no terreno para onde deve ser transferida a Feira da Sulanca (Foto: Reprodução/ TV Asa Branca)

Obra embargada
Em setembro do ano passado, fiscais da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), junto com a promotoria de Pernambuco e secretários municipais, realizaram uma vistoria em uma área de 13 hectares do terreno, onde teria ocorrido desmatamento. Desde então, as obras estão impedidas de serem executadas.

Uma audiência entre a Prefeitura de Caruaru, o Ministério Público do estado e técnicos da CPRH ocorreu no dia 10 de março para definir a situaçao do terreno que vai receber a nova Feira da Sulanca. “Estamos analisando as duas questões. A compensação ambiental e o processo de licenciamento do empreendimento”, informa Gilka Miranda, promotora de Meio Ambiente.

Ainda não há uma data para o começo da obra, já que depende da liberação da CPRH, instituição designada para fiscalizar o espaço.

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