O covarde aproveita-se do anonimato atrás de um teclado para insultar, como lidar com tresloucados?

anonimoGostaria de saber o que Freud diria hoje diante do território livre da internet, onde as normas da boa educação e da cordialidade, às vezes, passam ao longe. Sempre me intrigou o comportamento dessas pessoas que, sem mais nem menos, sem quê nem porquê, se utilizam das ferramentas digitais pra insultar covardemente outra pessoa qualquer.

Seria difícil investigar e ir mais a fundo nesse tema quando se trata de pessoas comuns, até porque seria mais complicado monitorar o que lhes é dito por pessoas que nem sequer as conhecem, mas no caso de pessoas famosas é bem mais fácil. Basta segui-las no Twitter ou em sua página de fãs ou perfil no Facebook.

É impressionante o que as pessoas são capazes de dizer ao seu semelhante. Parecem não ter o menor escrúpulo, vergonha ou senso de oportunidade.  Não perdoam sequer quando o outro está passando por um momento delicado como a perda de um filho. E às vezes a situação ultrapassa o limite entre o xingamento e a ameaça chegando a parar na delegacia.

Mas afinal o que faz o sujeito insultar uma pessoa que ele nem sequer conhece? Como se sente quem é quase que diariamente insultado por estranhos? Como reagir a esse tipo de provocação sem estimular ainda mais o “agressor”? São perguntas que me fiz e resolvi fazer a quem pode realmente respondê-las por ter vivido na própria pele.

Quando a celebridade responde, o agressor se sente importante, já que foi merecedor de um segundo de atenção. Quando a mensagem com os impropérios é retuitada com uma resposta do artista, é o auge da felicidade, pois aí se torna o agressor “popular e importante”.

A questão é simples: sem a proteção do anonimato, esse tipo de comportamento certamente não aconteceria. Pouca gente iria querer encarar as consequências dessas atitudes tresloucadas. Na semana passada o prefeito do Rio, Eduardo Paes, deu dois socos em um sujeito que não parava de xingá-lo. Imagino que o cara esqueceu que não estava protegido atrás da tela de um computador. Apanhou.

E aí, vai encarar?

Anônimos não merecem créditos, pois além de não terem responsabilidade nenhuma, pelo menos por hora, pois podem ser identificados, são irresponsáveis e intolerantes.


Léo Jaime (Divulgação)

O cantor Léo Jaime poderia ser um especialista no assunto já que é insultado diariamente pelo twitter. Léo desabafou: “sou insultado diariamente há anos. A internet é o paraíso do boçal: basta um nickname e merda na cabeça. Dificilmente respondo às agressões para não iluminar os trolls, mas às vezes uma bela respostinha antes de dar sumiço na figura é um alívio.”  Léo acredita que “as pessoas fazem isto porque são más, burras ou os dois. E também são covardes e não teriam coragem de dizer isto olhando nos olhos”.


Eda Fagundes (Divulgação)

A psicóloga Eda Fagundes concorda, ela acredita que esse tipo de atitude não tem nada de novo, a única coisa nova é o acesso que se tem hoje à pessoa famosa. “A internet propicia o acesso às pessoas e protege o cara do revide. Há uma crueldade no ser humano, um prazer mórbido. Um ganho em ver o seu semelhante em situações que tornam o falível. Existe nessas pessoas uma necessidade de achincalhar a pessoa pública. Seria o Anti-fã, que é movido pela emoção negativa em relação a alguém.”


Lúcia Veríssimo (Divulgação)

A atriz Lúcia Veríssimo que o diga. Ela já foi insultada várias vezes e se sentiu impotente diante da situação.  Algumas vezes ela respondeu a agressão, mas depois entendeu que “o melhor a fazer é bloquear a pessoa e não dar a menor importância. A Internet é uma cidade sem lei, portanto uma desordem danada. As pessoas aproveitam que podem criar redes sociais falsas para descarregar suas neuroses, invejas, despeitos, ira, incompetência e exercício de agressividade em pessoas públicas para com isso ter seus momentos de ‘luz’ em suas vidas de trevas”.


Carlinhos de Jesus (Divulgação)

O coreógrafo e dançarino Carlinhos de Jesus não foi poupado nem na morte de seu filho. “Já sofri muitos insultos pela internet. Agressões quanto a minha sexualidade por dançar, ser artista. Agressões gratuitas do tipo ‘não vou com a sua cara’ e por aí em diante. Algumas vezes respondi. Nunca da mesma forma, com agressões e palavrões.  Até em relação à morte do meu filho já escreveram de forma agressiva e sem o menor sentimento e respeito a minha dor”, disse.

“Acredito que essas pessoas aproveitam o anonimato e disparam seus dedos no teclado de um computador para dizerem o que querem. São pessoas sem noção de respeito, pessoas sem educação, sem cultura, sem escrúpulos. O que me deixa feliz é que são muito poucos e dentre eles quase que a totalidade me responde se desculpando”.


Margareth Boury (Divulgação)

Às vezes o motivo da agressão não é nem a própria pessoa, mas o trabalho que ela realiza. A escritora Margareth Boury, autora da novela Rebelde da TV Record, teve que fechar seu Instagram durante a novela.  ”Eu me senti invadida. Se fossem críticas por causa da novela, tudo bem, mas pegar no pessoal me deixou com raiva. Acho que fã se vê no direito de dizer o que quer. Ainda mais no meu caso, que eram crianças e adolescentes – eles jamais se calam”.


Mauro Ferreira (Divulgação)

Já o jornalista e crítico especializado em música do jornal O DIA, Mauro Ferreira, vê esse comportamento de maneira diferente. “Eventualmente alguns fãs dos artistas criticados me ‘esculhambam’ nos comentários quando se trata de uma crítica negativa. Mas não considero isso grave. É coisa de fã! Fora desse contexto, nunca fui agredido”, revela.

Por LD

 

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