UFPE dá prazo para alunos desocuparem prédios, ou pedirá reintegração de posse

ufpeA reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) deu prazo até as 17h de amanhã (2) para que os estudantes dos prédios ocupados permitam o funcionamento das unidades.  Caso contrário, entrará com ação de reintegração de posse na Justiça. A exigência é feita depois da assinatura de acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e demais órgãos que acompanham as ocupações, para que os movimentos não sejam tratados como caso de polícia.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, aprovada em primeiro turno pelo Senado, ontem (30), estabelece limites de gastos públicos por 20 anos, com base na inflação do ano anterior. Contrários à medida, estudantes ocupam dez prédios da universidade – incluindo doiscampi no interior do estado. Além disso, professores e técnicos da instituição estão em greve contra a PEC.

Em nota divulgada à imprensa e à comunidade acadêmica, a universidade sustenta o pedido na cláusula quarta do próprio acordo, assinado na última segunda-feira (28), segundo o qual, “o diálogo deve priorizar o máximo possível a compatibilidade entre o direito de livre manifestação dos estudantes e o respeito a funcionalidades dos prédios ocupados”. Para o reitor Anísio Brasileiro, o trecho determina a condição de “os espaços públicos estarem abertos ao ir e vir de toda a comunidade”.

“Os protestos e manifestações podem continuar a acontecer. O que não pode é o professor ser impedido de acessar o seu gabinete, por exemplo. Ou as atividades administrativas serem diminuídas ou não realizadas, principalmente nesse momento em que estamos concluindo todo o orçamento do ano”, argumenta. Ele destaca que também é contrário à PEC 55, e acrescenta que uma comissão da universidade vem estabelecendo o diálogo com os estudantes desde o início das ocupações.

De acordo com a procuradora Mona Lisa Ismail, do MPF, nem todos os prédios ocupados estão com acesso restrito; somente o Centro de Filosofia e Ciências Humanas e o Centro de Artes e Comunicação. A nota da UFPE, no entanto, não cita ocupações específicas, mas fala de um modo geral de todas as unidades nas quais ocorre o movimento.

Ela pediu ao reitor que alguns pontos fossem detalhados sobre a decisão. “A gente precisa esclarecer que funcionamento é esse, que a reitoria está pleiteando; se esse funcionamento implica necessariamente em desocupação ou se esse funcionamento é administrativo e pode conviver com a ocupação, como ocorre em outros centros da UFPE, como o Centro de Educação”, disse a procuradora. Ela espera esclarecer a questão durante reunião agendada para as 15h de amanhã, na reitoria da UFPE, com as instituições que assinam o acordo.

Diálogo ameaçado

Para a defensora pública federal Tarcila Maia, que atua no caso, a interpretação dada ao acordo é “equivocada”. Segundo ela, as funcionalidades referidas são de ordem administrativa, como a emissão de notas de empenho, envio de alguns documentos para questão de orçamento, e não dizem respeito à funcionalidade normal do prédio. “Até porque isso seria contrário à própria essência do movimento”, afirmou.

Tarcila Maia disse que, na interpretação da Defensoria, não há descumprimento do acordo, por parte dos estudantes. “Essa nota fecha o diálogo com os estudantes. Um diálogo que estava começando a render bons frutos. Tínhamos previsão de fazer uma reunião na semana que vem entre a reitoria e os estudantes, e tudo ficou bastante prejudicado agora, porque os estudantes vão ver essa nota da UFPE como uma ameaça”, disse ela.

O acordo determina que, em caso de ajuizamento de ação, a Defensoria Pública da União (DPU) e o MPF precisam ser avisados antes. Embora a Justiça não tenha sido acionada ainda, os dois órgãos argumentam que poderiam ter sido avisados da nota. A procuradora Mona Lisa Ismail diz respeitar a autonomia de estudantes e da gestão da UFPE, mas questiona o prazo citado na nota, considerado curto. “Se realmente era uma exigência da universidade, isso poderia ter sido colocado antes da divulgação da nota e negociado com os estudantes para que fosse feito de forma consensual, e não sob ameaça de ação judicial”, acrescentou.

Caso a haja de fato o ajuizamento do pedido de reintegração de posse, a DPU vai se manifestar no processo. “Não podemos adiantar quais serão os termos da nossa manifestação porque teria que ver a eventual ação. Mas a nossa postura, a priori, é [de que] o movimento está sendo feito como uma expressão do direito de manifestação, que é possível uma solução mediada para o conflito e que não é necessário, neste momento, uma intervenção do Judiciário. Que o pedido seja negado”, disse Tarcila Maia.

Sobre o posicionamento da DPU, o reitor Anísio Brasileiro respondeu que está trabalhando com o órgão, e que “o fato de ter um ponto de vista diferente, como nessa cláusula, não há problema”. Além disso, ele agradece, publicamente, o cuidado com que o MPF e a DPU têm atuado. “Estamos trabalhando na mesma perspectiva, mas o que entendemos é que a universidade tem autonomia”, ressaltou. O reitor diz ainda que se houver necessidade de reintegração de posse, ela será solicitada nos termos do acordo, assinado também por advogados populares que prestam serviço aos alunos, a DPU e a Polícia Militar.

Por Agencia Brasil

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