Depois do anúncio de que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está em tratamento em Cuba para se recuperar de um câncer, as Forças Armadas do país pediram calma nesta sexta-feira, ao afirmar que “defendem” e “garantem” a manutenção da ordem no país. O general Henry Rangel Silva, chefe do Comando Estratégico Operacional, disse que há “tranquilidade” e que as Forças Armadas estão trabalhando “em paz” e “energia”. “
Os membros das Forças Armadas têm convicção democrática”, afirmou, em entrevista à TV estatal.
O general disse que esteve em Havana para conversar com o presidente venezuelano e que Chávez “está se recuperando satisfatoriamente”. “Vimos nosso comandante com uns quilos menos, mas de pé”, disse.
Nesta sexta-feira, a emissora estatal de TV venezuelana VTV divulgou um vídeo de uma reunião de trabalho entre Chávez e integrantes de seu gabinete, realizada no último dia 29, em Havana.
No início do encontro, Chávez disse que, “como obrigação revolucionária”, deve recuperar plenamente sua saúde. “Agradeço sua compreensão e apoio”, afirmou.
Rosto abatido
A notícia sobre a doença do presidente venezuelano abalou e surpreendeu a todo o país.
Apesar dos boatos que já indicavam que Chávez estava batalhando contra um câncer, a aparência abatida do presidente preocupou a população.
“O rosto dele disse que as coisas não estão bem, não tinha a mesma voz forte de sempre”, afirmou à BBC Brasil o estudante Julio Hernandez, em uma praça no leste de Caracas.
A vendedora ambulante Desiré Castillo também mostrava preocupação. “Sem Chávez não tem revolução, se acaba tudo, ele tem que ficar bom rápido”, afirmou.
Cirurgias
Depois das duas cirurgias para retirada de um tumor na zona pélvica, Chávez deve continuar recebendo tratamento em Havana para eliminar totalmente as células cancerígenas que foram encontradas.
Por enquanto, ainda não se sabe quando Chávez retornará a Caracas. O vice-presidente Elias Jaua, que está à frente do governo desde que o presidente adoeceu, disse que continuará atuando como “coordenador do gabinete” e que não assumirá a Presidência.
“Não consideramos que seja necessário, neste momento (assumir). A Constituição dá capacidade ao vice-presidente de coordenar o gabinete do governo”, disse Jaua nesta sexta-feira em entrevista à rádio colombiana Caracol. “Não acreditamos que é necessário ativar um mecanismo de substituição do presidente Hugo Chávez”, acrescentou.
Foram convocadas para esta sexta-feira e para o fim de semana manifestações de apoio a Chávez nas praças das principais cidades do país.
Na última madrugada, dezenas de simpatizantes do governo fizeram uma “vigília” no centro de Caracas em demonstração de solidariedade ao presidente, que pela primeira vez se ausenta do país por um longo período em seus doze anos de governo.
Por BBC