Síndrome dos Ovários Policísticos: Multifacetada e singular. Saiba o que é.

Irregularidade na menstruação, dificuldade para engravidar, espinhas, crescimento de pelos e aumento de peso. Quando abordados de forma isolada, esses sintomas podem esconder um problema ainda mais complexo, mas que pode ser controlado com tratamentos específicos. Trata-se da síndrome dos ovários policísticos (SOP), transtorno heterogêneo

 caracterizado por hiperandrogenismo (excesso de hormônios androgênios) e anovulação (falta de ovulação) crônica.

Ginecopatia, isto é, transtorno exclusivo do sexo feminino, a SOP é um distúrbio endócrino que afeta entre 5% e 10% das mulheres em idade reprodutiva, afirma Daniella De Grande Curi, mestre em Ginecologia pela Universidade de São Paulo (USP) e credenciada junto à Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp). Ela classifica ainda como as queixas mais comuns das pacientes sobre a síndrome o hirsutismo, irregularidade menstrual e infertilidade.

“O hirsutismo (crescimento excessivo de pelos na mulher) é a manifestação clínica mais frequente do hiperandrogenismo, seguida pela acne e a alopecia (perda parcial ou total de pelos ou cabelos em áreas específicas do corpo). Já a anovulação crônica é mais comumente caracterizada por espaniomenorreia (intervalo maior que 45 dias entre as menstruações) e amenorreia (ausência regular do ciclo menstrual)”, completa a especialista, da clínica médica Athesis, de São Paulo.

A síndrome consiste no registro de cistos (acúmulo de líquido em cavidades fechadas) no ovário. O diagnóstico pode ser feito por meio de exames clínicos, ultrassom ginecológico (ultrassonografia) e exames laboratoriais. Na maioria dos casos, no entanto, eles não provocam grandes mudanças no corpo da mulher. A Dra. Daniella explica também que a SOP é diagnóstico de exclusão.

“Existem várias doenças que disfarçam a síndrome e devem ser excluídas, como hipotireoidismo e a hiperplasia adrenal (queda na produção do hormônio cortisol e elevação excessiva de androgênicos). Além disso, para o diagnóstico da SOP é preciso que os sinais e os sintomas se encaixem em critérios propostos por convenções internacionais”, acrescenta.

Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor será ainda o prognóstico da doença na prevenção de síndrome metabólica, câncer de endométrio (revestimento interno do útero) e infertilidade. Caso o registro seja mais tardio, o tratamento é o mesmo, devendo-se prestar maior atenção ao quadro de síndrome metabólica e, em alguns casos, a resposta ao tratamento (de irregularidade menstrual, por exemplo) pode ser mais demorada.

Pílula anticoncepcional

A Dra. Daniella explica que não existe cura da SOP, apenas controle. E, para isso, nada melhor do que o contraceptivo hormonal oral , “sendo as pílulas que contêm progestagênios antiandrogênicos as mais indicadas pela sua ação na inibição do hirsutismo e da acne”. “Esses medicamentos também são capazes de normalizar o ciclo menstrual e controlar a produção androgênica”, acrescenta.

Mas a especialista ressalta que outras medicações podem ser utilizadas ou associadas de acordo com o quadro clínico da paciente, dada a heterogeneidade apresentada pela SOP. A ginecologista recomenda, por exemplo, antiandrogênicos (acetato de ciproterona, finasterida e espironolactona) em caso de hirsutismo acentuado, ou uso de indutores de ovulação quando há desejo de gestação.

Contra a chance elevada de desenvolver síndromes metabólicas, grupo de fatores de risco para doenças vasculares, cardiovasculares e diabetes, indicações importantes são a prática de exercícios físicos, controle alimentar e antidiabéticos orais como metformina. “E para o tratamento do hirsutismo, pode-se associar a depilação a laser para melhores resultados”, acrescenta a Dra. Daniella.

Por Gineco

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