As pessoas que não são de Pernambuco não têm ideia da dimensão de Renata na vida de Eduardo Campos

renatacamposNa segunda quinzena de 2004, o presidente Lula chamou Eduardo Campos e foi direto ao assunto: o companheiro Amaral não tem mais como ficar no ministério. Preciso de você aqui perto de mim.

Eduardo Campos estava no ápice do seu prestígio com Lula e o aumentaria ainda mais um ano depois quando explodiu o Escândalo do Mensalão, e ele, mesmo como ministro do PSB, junto com Aldo Rebelo do PC do B, articularam, no Congresso, a defesa de Lula quando até mesmo parte do PT parecia ter o abandonando. O próprio Eduardo Campos comunicou a ele sua demissão costurada com uma carta formal.

Isso explica porque Amaral não tem importância definitiva na escolha ou não do partido em relação a candidatura de Marina da Silva. Ele não manda no partido agora, porque nunca mandou antes. Nem ele nem ninguém porque o PSB tinha um dono: Eduardo Campos.

Certamente, a figura mais importante do PSB, hoje, é a viúva de Eduardo Campos, Renata, que mesmo sem ter feito uma declaração, já tinha sinalizado que Marina seria a candidata do partido. A menos que Marina não quisesse, mas ela quer.

As pessoas que não são de Pernambuco não têm ideia da dimensão de Renata na vida de Eduardo Campos, o que pensa e como influenciava ele. E, no que nesses dez meses de costura de Eduardo Campos com a Rede, como ela esteve presente. Tanto que Marina falou com ela depois da nota e porque sabia que ela já tinha fechado com a ideia de que a vice deveria assumir o lugar de seu marido.

marinasilvaAfinal por que uma mulher ainda lactante estava metida num avião, num flat em São Paulo ao lado do marido, no meio de uma campanha política onde todo dia e, em todo lugar, Eduardo Campos tinha que apagar um pequeno incêndio e costurar um acordo político regional?

Isso explica a presença de Renata na vida de Campos, a quem conheceu adolescente e virou parceira. Ou alguém acha que qualquer um daqueles deputados e dirigentes do PSB teria coragem de peitar a viúva e pensar noutro nome que não fosse o de Marina vendo essa influência no dia-a-dia. Essa conversa não existe. Não dá para Amaral e nem ninguém chegar e ir dizendo a Renata Campos que o partido deveria impor condições a Marina.

Nem ele nem qualquer outro não teria condições sequer de abrir essa conversa internamente. Portanto, esqueçam o resto e observemos a viúva, que não era primeira dama. Renata Campos era uma espécie do que, na vaquejada, se chama de esteira. O cara de maior visão da pista, que corre ao seu lado, para fazer o cavaleiro derrubar o boi e brilhar.

E também não se deve achar que passa pela cabeça de Renata a ideia de virar candidata a qualquer coisa. Ela sabe do seu papel na história e vai continuar atuando nos bastidores, cuidando da biografia de Eduardo Campos, porque ela estava nele 24 horas por dia. E ela vai dominar parte do PSB, especialmente, aqui em Pernambuco, na retaguarda mesmo.

Até porque ela tinha vazado (via Antônio Campos), a informação de que apoiava Marina e porque Eduardo Campos não tinha passado 10 messes de sua vida costurado um complicado acordo com a Rede para ser jogada no lixo, Para ela o encantamento de Marina com Eduardo vai manter o seu legado construído desde que Marina foi bater na porta dele para sentar praça no PSB.

Resumindo: Amaral teve seus minutos de fama, colocou sua posição, mas era só isso mesmo. A decisão não passou por ele e semana quem Marina Vai sair de uma reunião do PSB candidata com novo vice e tudo.

Mas, isso não é o mais importante. O que se desenha agora é como seguir em frente, da escolha do vice (que pode ser Beto Albuquerque (RS) pela ligação com Eduardo ao longo da campanha), e como será tratada aqui em Pernambuco e em nível nacional a campanha do PSB, sob o legado de Eduardo Campos.

Uma coisa é a campanha de Marina com qualquer vice que “Dona Renata” ajude ou influencie a escolher. Outra é a campanha de Paulo Câmara que terá que arranjar um novo norte. Pode-se pensar que a lenda de Eduardo Campos ajude ao candidato, tipo a maior homenagem que os pernambucanos podem prestar é escolher Paulo Câmara. Mas, como tratar isso sem que aconteça um efeito bumerangue contra ele na coligação.

Outra coisa é cenário de conversas políticas. Como o PSB é uma seleção de soldados que cumpriam ordens diretas do general. Outra coisa é ele não estar entre eles. Neste momento está difícil saber quem será, por exemplo, o “cabo velho” que por tempo de serviço guie a tropa no meio da noite até o posto de combate mais próximo. Geraldo Julio? Fernando Bezerra? O próprio João Lyra já que é o governador e agora vai ter que se desdobrara para não perder tudo que Eduardo conquistou aqui?

E em nível nacional o problema ainda é maior. Uma coisa é aceitar Marina no pacote da Rede que dava charme a Eduardo Campos. Outra coisa é aceitar a mensagem messiânica dela dentro do PSB. É verdade que Renata Campos ajuda a manter o grupo de Eduardo unido dentro do partido e ter força, pois a máquina está com esse grupo, mas existe o grupo de Marina e o resto do PSB que tem outros interesses. Portanto, vamos precisar de um tempo para ver o que acontece depois de segunda-feira.

Ou, como dizem os ingleses: enterremos os nossos entes queridos e depois voltemos ao debate político. O que não impede que mesmo no velório falar-se, mesmo diante do caixão, sobre como será o dia seguinte. Porque ele virá.

Por NE10

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